Foto de Rodrigo com 17 anos e 2,18 metros de altura quando morava com a avó, em 2016 — Foto: Giro Ipiaú
Em 2016, aos 17
anos, Rodrigo Santos Motta começou a ser acompanhado por médicos de Salvador
para descobrir doença que faz ele crescer. À época, com
Já são cinco anos sem um
diagnóstico preciso sobre a doença que faz o baiano Rodrigo Santos Mota crescer
acima do normal. Morador da cidade de Ipiaú, no sul da Bahia, o jovem de 22
anos superou os 2,18 m de altura que tinha em 2016 e hoje acredita já ter atingido
2,23 m. Apesar de não ter certeza dos centímetros que ganhou desde a última reportagem do G1, ele garante que já não se incomoda mais com os
comentários a respeito da altura dele.
"Sempre vai ter. Eu não tenho
como passar despercebido...mas depois de um tempo, a gente vai mudando.
Atualmente eu nem ligo. Sempre tem uns engraçadinhos, mas faz parte. Aprendi a
lidar com isso", conta Rodrigo, que mora temporariamente com o pai, em
Ibirapitanga (BA), que está tratando um câncer.
Desde o final de 2016 que o jovem
começou um tratamento em duas instituições de saúde em Salvador, mas segundo
ele, nunca houve um resultado efetivo.
"O que mais ouvi mesmo foi sobre
um tumor no cérebro que faz crescer, e enquanto não fizer cirurgia eu iria
continuar crescendo. Uns [médicos] disseram que eu precisava fazer [cirurgia],
outros disseram que não. Uma vez me passaram remédios, mas não fizeram nenhum
efeito. E sempre fiz exames. O acompanhamento que estava fazendo era
basicamente de exames e consultas", disse Rodrigo, que precisou parar o
tratamento em março de 2020, em Salvador, por causa da pandemia da Covid-19.
"Muitos
[médicos] falam que era um tumor que eu tenho no cérebro, e que liberava
hormônios do crescimento; uns [médicos] falaram que iria parar de crescer e
outros que iria continuar crescendo. De lá para cá eu já cresci, devo estar com
uns 2,23 m".
Depressão, sonhos e
superação
Por causa da falta do diagnóstico,
Rodrigo conta que passou por um momento de depressão e precisou tomar remédios
para superar a frustração de não ter encontrado uma resposta para o crescimento
desenfreado.
"Na verdade, como eram muitos médicos, cada um falava uma coisa. Chegava um e falava que era uma doença, outro falava que era outra. Eu era mais novo também. Tive até que tomar remédio para depressão, mas era muita coisa na mente", lembra o jovem.
"Era tanta coisa que não tem nem como digerir, mas o que mais ouvi foi que eu poderia dormir e não acordar mais"
Com 17 anos, Rodrigo parou de estudar
por causa do bullying que sofria na escola, mas sonhava em ser policial. Entre
idas e vindas, ele retomou os estudos e, antes da pandemia, cursava o segundo
ano do ensino médio em um colégio da cidade. Ele ainda pensa em ser policial,
mas afirma que pode seguir outro caminho.
"É o que
tenho em mente. É ser policial, mas posso seguir outro rumo. Quero concluir
meus estudos e fazer uma faculdade, ter uma vida melhor. Fora isso, vou levando
devagarzinho, do jeito que Deus quer", diz o jovem.
Algumas dificuldades do passado
também já foram superadas. A luta para conseguir roupas do tamanho dele já foi
vencida, mas o calçado ainda precisa ser feito sob medida e não há nem número
para comparar.
"Bermuda, calça, eu sempre acho.
Dificuldade mesmo é sapato, mas tem um rapaz na cidade que faz e que dá pra
calçar. Só sei dizer que é o maior número que tiver", conta. Sobre os
olhares tortos e o espanto das pessoas na cidade, Rodrigo garante:
"A
gente vai passando um tempo e vai evoluindo, abrindo a mente, comentários
sempre vão ter...Em uma cidade que a maioria das pessoas tem altura normal. Mas
eu nem ligo não. Se não vier pra cima de mim, pra me ofender, está de boas. Não
tem mais isso de vergonha não".
"Não
tenho muitos amigos, muita amizade não dá certo. Eu estava fazendo um curso
também, mas a pandemia veio. Eu tinha uma namorada, mas acabou e tenho outras
por aí", conta.
Em tempos de pandemia, Rodrigo conta
que sempre foi mais caseiro e, com a necessidade do isolamento social, tem se
cuidado em casa.
"Como eu não tinha costume de
ficar na rua mesmo, fico em casa, vendo série. Sair não é comigo não, ainda
mais com essa doença braba. Ajudo minha mãe, meu pai. Estou de boa, graças a
Deus. O jeito é se cuidar porque o negócio está sério. Não aglomerar, ficar em
casa", aconselha.
A rotina de Rodrigo, antes da pandemia, era de ir três a quatro vezes a Salvador por mês. A última consulta que ele fez foi no início de 2020. De lá para cá, ele aguarda o melhor momento para ir até a capital baiana retomar o acompanhamento médico.
"Quero
voltar a fazer as consultas para ver como está a situação. Eu estava tentando
remarcar o tratamento, mas assim que liberar eu vou. Os médicos já estavam até
me ligando para saber como é que está", diz ele, que considera que o
quadro clínico segue o mesmo.
Fonte: G1
Fotos: Giro Ipiaú
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