Idosa dizia para parentes que não queria virar pó. Filha fez boletim de ocorrência na 39ª DP (Pavuna).
A dona de casa Josefa
Figueira da Silva, 69 anos, que foi cremada por engano no Rio
de Janeiro, tinha pavor de fogo e passou a vida dizendo que
gostaria de ter um enterro “normal”. Ana
Paula Figueira, a filha da Dona Josefa, afirma que a mãe não gostaria da forma como
foi tratada após sua morte.
“Minha mãe tinha pavor a fogo.
Ela dizia que nem depois de morta queria ser cremada. Ela falava que uma
queimadura pequena já doía muito, imagina pegar fogo no corpo todo. Apesar de
ser da igreja, que falam muito ‘do pó eu vim, ao pó eu voltarei’, minha mãe
sempre falava que não queria virar pó no fogo”, desabafa Ana Paula.
Abalada, a filha de Josefa afirma que
procurou a 39ª DP (Pavuna) nesta terça-feira (28) e fez um boletim de
ocorrência para que o fato seja investigado. “Eu estou com muito ódio. Só sei
sentir ódio e muita mágoa pelo que fizeram com a minha mãe. Já não basta a dor
de perder ela, ainda me dão essa notícia”.
Josefa foi levada ao Hospital Ronaldo
Gazolla, na Zona Norte do Rio, porque estava com Covid. O quadro evoluiu
rapidamente, e Josefa veio a óbito no sábado (25). A família conta que recebeu
a ligação e foi ao hospital, mas não puderam reconhecer o corpo no mesmo dia
nem no domingo, porque o cartório estaria fechado.
Na segunda-feira (27), parentes foram
até o hospital para fazer o reconhecimento de Josefa, mas não a encontraram.
Ficaram por horas aguardando até que, por volta das 16h, o hospital levou outra pessoa para ser reconhecida pela família.
Eles disseram que a mulher era muito diferente e na pulseira tinha outro nome,
o de Gecélia.
O
que diz a família de Gecélia
A família de Gecélia
Barbosa, de 89 anos, afirma que o reconhecimento do corpo foi prejudicado pelos
protocolos de segurança da Covid. Segundo Jorgina Barbosa, filha de Gecélia, o
corpo não pôde ser completamente descoberto para minimizar os riscos de
transmissão do vírus. Por conta disso, ela só viu parte do rosto e acreditou
que seria sua mãe.
Ao constatar a troca, o hospital
tentou entrar em contato com a família de Gecélia, mas o corpo de Josefa já
havia sido cremada no lugar dela. A direção do Hospital Municipal Ronaldo
Gazolla abriu sindicância para apurar o caso.
Em nota, a Secretaria Municipal de
Saúde (SMS) afirma que a direção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG)
lamenta profundamente o ocorrido e informa que está prestando toda assistência
às duas famílias, incluindo apoio psicológico.
(G1)
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